sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MacaboBambo fala sobre gravação do primeiro disco

Em 29 de janeiro de 1923, diante de uma terrível pressão dos fãs, a MacacoBambo começava a jornada de sua primeira gravação profissional. A escolha do repertório foi fruto de um estudo sistemático e disciplinado. A metodologia adotada, proposta e executada em conjunto e de forma extremamente organizada foi de fazer inveja aos mais consolidados regimes democráticos do planeta.

8 anos após a seleção do repertório iniciaram-se os ensaios. Foram 15 anos de malhação diária nos estúdios de Salvador. A pontualidade dos músicos era de causar inveja até aos mais ferrenhos alemães, como bem relata o proprietário ariano de um dos estúdios fretados pela banda, que sempre motivava os músicos com elogios consonantais a cada ensaio iniciado e finalizado precisamente no horário previsto. “azaftazardemm!”, desabafa com ar nostálgico.

Numa tarde ensolarada de 1948 iniciou-se o processo de gravação da bateria. “A qualidade de vida dos músicos sempre esteve em primeiro lugar na banda”, relata o baterista Flávio Rocha, reconhecendo a preocupação de todos em relação ao seu estado físico e mental. Rocha agradece também as sessões de massagens e relaxamento oferecidas pela banda, bem como a diversidade de instrumentos disponíveis para a gravação, onde “não faltou absolutamente nada. Eram tantas caixas e pratos que nem precisei usar os meus”. Flávio levou 3 anos e meio para concluir a gravação, tempo justificado pela precisão finalmente obtida, que desafia os seguidores mais ortodoxos do metrônomo.

Em 1951 que deu-se início à gravação dos instrumentos de corda e sopro. “Época inesquecível”, lembra emocionado o pianista Sandro Andrade. “Naquele tempo as condições eram perfeitas, tínhamos todo apoio necessário: transporte, alimentação saudável e timbres da melhor qualidade” afirma Andrade. “O melhor de tudo era a segurança que nossos filhos não têm hoje em dia”, completa Neri Góes, que sempre optava por ir de ônibus às sessões de gravação, exibindo seu instrumento ao relento sem medo de ser abordado.

As gravações de cordas deram-se em perfeita harmonia. Tiago Vaz, guitarrista, e Alex Meira, violonista, trabalharam firme durante meses na escrita das partituras e no perfeito casamento das cordas. “Tudo era tão perfeito e harmonioso que mergulhei em momentos de transe e até mesmo alucinação, principalmente aquele em que resolvi divulgar minha retirada da banda”, comenta Meira aos risos. Vaz lembra que a única dificuldade era convencer o técnico de gravação de que seus solos estavam perfeitos. Pinho, ou Cristiano para os mais íntimos, músico do cenário fusion internacional e contratado com exclusividade pela MacacoBambo, sempre detectava falhas onde nem os ouvidos mais apurados eram capazes de notar. “O único solo que consegui gravar de uma tomada só foi o da canção Ilha Ponto Quase”, orgulha-se Vaz, que ainda lembra-se de cada nota executada.

Segundo Pinho, “esta época foi puro groove”. Mesmo sem divulgar o cachê, “por questão de segurança”, o técnico admite que foi muito bem remunerado, e que é eternamente grato pela confiança depositada no seu trabalho. “Além dos gordos honorários sempre pagos em dia, os músicos nunca toleravam cansaço e fome durante as gravações. Qualidade de vida era de fato a palavra de ordem”, recorda com gratidão.

Após os 8 anos de contemplação musical e conclusão das gravações, Tiago Vaz partiu em retiro espiritual, época em que pela primeira vez a banda passou algum tempo em inatividade. Vaz estava certo de que este era o momento perfeito para gravação das vozes. Admite ter ficado um pouco decepcionado quando, depois de 6 anos e meio de peregrinação, retornou e notou que Glória, Sandro e Alex sequer tinham agendado o estúdio. “Foi um período difícil, As luas novas e cheias, diretas e conversas do período, paralelos, contraparalelos, antíscios e contra-antíscios… tudo anunciava o momento ideal para a gravação das vozes”, comenta Vaz, reafirmando sua crença absoluta na Astrologia.

“A ho-hora é agora!”. Foi este pensamento, pensado originalmente por Sandro Andrade, que tomou conta do espírito da MacacoBambo em meados de 2000, resultando na última etapa da gravação do tão sonhado vinil, que neste momento já era compacto. “Tiago recruzou datas com luas e agendamos nossa gravação”, comenta aos risos Glória Terra. Terra também fez questão de reforçar o tratamento ViP oferecido pela banda: “Nunca vi tanto luxo, a banda chegou ao ponto de arcar com minhas despesas para que eu não precisasse me estressar com trabalho durante as gravações, foi demais!”, comenta a cantora exibindo uma toalha com seu nome bordado em fios dourados.

Finalmente, em 8 de agosto de 2007, o pianista, backing vocal e diretor musical da banda, Sandro Andrade, anunciou com classe a conclusão das gravações: “ACABOU!”. Rumores indicam que a banda já organiza uma coletiva para celebrar em público o resultado de todos esses anos de trabalho. Vale esperar!

Texto Tiago Vaz, 10 - 08 - 2007

2 comentários:

Anônimo disse...

Valeu meu jornalista, sempre é bom ver os amigos procurando colaborar com informações tão importantes, no caso sobre a música, para que possamos compartilhar.
abr. Derly

Nerivaldo Góes disse...

Olá Derly!

É sempre bom saber que
um amigo como você anda
antenado no blog.

Abração

Neri