segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Jazz e Samba em àlbum de estréia

A cantora carioca Thaís Motta comemora neste final de ano o sucesso de seu primeiro CD, intitulado - Minha Estação. O àlbum foi lançado em março pelo selo Mantra e pode ser considerado como um bom trabalho criativo surgido nos últimos meses fora do esquema de música comercial. Pois é bem diferente dentro do universo do samba pelo qual a cantora transita.

Apesar do repertório do disco privilegiar o samba e suas variações rítmicas, há sempre um clima jazzístico, algo pouco comum no cenário da música brasileira. Isto é, pode-se ouvir nos arranjos notas e melodias que são herdeiras direta das diversas tendências do gênero jazz. Tornando-se assim original para um àlbum de estréia que tem muito balanço, no entanto, fiel a seu estilo, o que colaborou para a construção de uma atmosfera particular nos quesitos: vocais, sons e timbres.

Acompanhada de músicos de primeiro quilate como Marvio Ciribelli (piano), Flavinho Santos (bateria) e Rogério Fernandes (baixo), presentes em todas as faixas do disco e nos arranjos de algumas músicas. A busca incessante pelo novo fez com que Thais Motta optasse por colocar apenas uma regravação em seu álbum – Clementina - de Altay Veloso, com a participação do próprio autor no vocal. Música não tão conhecida de uma parte do público, já que as principais referências da cantora são Elis Regina, Leny Andrade, Rosa Passos dentre outros.

A capa de Minha Estação traz o nome de todos os 26 músicos que participaram das gravações, entre os quais estão alguns dos compositores. Thaís também é co-autora de duas faixas, nas quais colaborou com letra e música, ao lado de Arthur Maia, Marcelo Moutinho e Marvio Ciribelli em Som do Samba, e Monique Kessous e Denny Kessous na canção intitulada de Rosa Chá.
Outro destaque é o solo de flugelhorn (instrumento de sopro do grupo dos metais da família dos trompetes) na música - Doce Amargo - uma das últimas gravações de Marcio Montarroyos, falecido em dezembro de 2007. Após o lançamento oficial de Minha Estação no Allegro Bistrô da Modern Sound (Rio de Janeiro), Thaís vem apresentando, o disco em várias cidades do estado do Rio de Janeiro. Espera-se que em breve ela aporte em Salvador..................
Ouça as músicas - Minha Estação, Ai de Mim, O Pleito e Iguais e Diferentes (do CD) e a inédita Cobra Criada, ao vivo em - http://www.myspace.com/thaismotta ...................O crédito da foto é de Franck Turkovics.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As várias faces da crítica

O surgimento do jazz no século 20 fez com que o desenvolvimento da música de improvisação se transformasse num mercado profissional para diversos músicos. Por outro lado, isso resultou numa reviravolta no âmbito da música clássica. Isto é, ocorreu uma migração de alguns desses músicos para o gênero jazz. Contudo dezena de críticos musicais não concordaram com essa transição entedendo isso como falta de compromisso profissional. George Gershwin, músico clássico enveredou-se pelos caminhos tortuosos do jazz.

Apesar de ser admirado por alguns críticos e fãs como o compositor que inovou e criou pérolas musicais no âmbito clássico, Gershwin reconheceu no jazz a sua vocação, originalidade e verdadeira música da alma. Partindo da idéia que, ao jazz, a liberdade existe em matéria de execução e expressão musical, ao passo, que se for comparado com a música clássica incidi-se numa distinção. Ou seja, o não cumprimento desses aspectos musicais, por parte do intéprete tira todo o significado do que o autor quer transmitir na sua música.

Disseminando a idéia de liberdade musical em ambientes burgueses, onde sua música era executada com refinados arranjos jazzísticos, Gershwin foi bastante criticado. Se por um lado, o compositor se intitulava possuidor da verdadeira alma musical negra, por outro, os críticos afirmavam que a obra não passava de melodias de fácil assimilação. Além disso, alguns especialistas avaliam que o único elemento musical comum à música branca e música negra é o ritmo, dessa forma, o seu concerto em Fá para Piano, por exemplo, foi apontado como ausente de inteligência musical neste quesito.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Arena Rock

Os amantes do bom e velho rock terão uma noite incendiária de muito balanço. É que nesta quinta-feira (11) se apresentam no Rock Sandwich: Paulinho Oliveira, Pessoas Invisíveis, Theatro de Seraphin e os Djs Braminha e Cassicas. O som rola também no dia 18 com a seguinte programação - Anacê, Banda de Rock, Berlinda, Opus Incertum e os Djs Chico e Nei Bahia. Em ambos os dias, os shows começam às 20h, e os ingressos custam R$ 5. O bar Rock Sandwich fica localizado no Rio Vermelho, em frente ao colégio Manuel Devoto.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Miles Davis: diferença no conceito sonoro

Registrar um disco para os músicos representa o mesmo desafio enfrentado por diretores de cinema e escritores, ou seja, exige-se a mesma condição de excelência e provoca as mesmas ambições de riquezas e conhecimento. Embora seja um trabalho geralmente feito em grupo, um álbum tende a ter um autor que muitas vezes pode não ser o líder da banda ou o cantor principal, mas sim o produtor.

Ao sair da banda de Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Miles Davis juntou um grupo fantástico de músicos e com o produtor Pete Rugolo gravaram o improvisado disco Birth Of The Cool, de 1957. Esse disco é marco tanto em termo técnico musical como de som, já que Miles sempre foi aberto para arriscar e descobrir coisas novas na música. Alias, ele reconstruiu as frases musicais e clichês do vocabulário bebop, que é marcado pelo uso de melodias ágeis e velozes no modo de tocar o instrumento. E elaborou um estilo, inovando nos planos rítmico, harmônico e melódico da música.

Fora isso, o produtor Pete Rugolo incentivou Miles a usar as notas surdas de seu trompete dando um formato sonoro cool que é a influência raiz da música negra do jazz; unido o blues, gospel e os cantos de trabalhos. Passeando pela música clássica européia e ragtime, o disco Birth Of The é completamente cool. Apesar de ser diferente do estilo bebop, pelo não excesso de acordes, seus temas são complexos. Além disso, tem balanço: ouça a música Jeru.

Alguns críticos musicais entendiam que o jazz tinha que ser tradicional como o bebop, porém, Miles levou sua música para o cinema numa carreira voltada para a renovação do sotaque e colaboração musical.