quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Entrevista da semana: contrabaixo e preocupação social

“As pessoas estão conseguindo
colocar seus projetos em pratica
porque estão exigindo mais dos
governantes”


O virtuoso baixista, Arthur Maia tocou um mix de música dos seus últimos trabalhos solos, (cinco discos de carreira), no qual encantou o público mostrando muito suingue com frases elegantes. Bastante respeitado no universo da música instrumental brasileira, aportou com seu show, no último final de semana (23), no Pelourinho. O local estava lotado, em sua maioria de baixistas, músicos e fãs que foram conferir à performance do manbass. Com influências voltadas para o funk, jazz e samba, além de ter acompanhado grandes nomes da música popular brasileira como Ivan Lins, Gal Costa, Djavan...expandiu as fronteiras musicais em sua apresentação instrumental.

Com um entrosamento extraordinário com a banda formada por figuras como Gerson Silva, guitarra, Marcelo Galter, piano, André Becker, sax e flauta todos da “terrinha”, única exceção do baterista Cabeça de Côco tocaram temas com intervalo curto entre a passagem de uma música à outra. Os músicos que acompanhavam o baixista estavam bastante à vontade, dessa forma, os espaços eram preenchidos com improvisações e solos jazzísticos, conforme sinalizava Maia, a cada instrumentista.

O baixista regeu os músicos de maneira frenética. Na abertura do show, ele utilizou um contrabaixo modelo fretless, (sem traste) tocando temas como, Miles, B12 e Sonora, assim o público apreciou os detalhes sonoros dessas músicas. Além disso, lançou linhas de baixos com vibratos melodiosos marcados por acordes e, também técnica de slap, (bater e puxar as cordas), modo não muito freqüente de se utilizar, neste tipo de instrumento. Depois, o baixista trocou de equipamento passando a usar um de quatro cordas da marca Tagima, deste modo os presentes puderam assistir a um esbanjamento de musicalidade unido de muito suingue.

Muito falante. Disse que ao encontrar um parceiro musical de longa data, o mesmo falou: “fiz uma música para você”. Ele muito orgulhoso, conforme aparentava ao relatar a história, disparou: “quero ouvi-lá”: então o parceiro disse; “vamos pra sua casa, te mostro agora”. Ele respondeu: “pô cara, já são quase cinco da matina”,....Então, depois de avisar a todos de casa, que havia visita a aquela hora da manhã Arthur abriu uma cerveja e apertou o play do tocador. Neste momento pensou: “esse cara quer-me arrebentar...” “Tamanho, era a rapidez que tinha de conduções e frases de difícil tocabilidade no instrumento, isso num tempo repleto de contratempo”, disse o baixista. O nome da música? Arthur e o gigante, intitulado assim para homenagear o parceiro.

Ao tocar essa música deu-se para perceber a complexidade da canção. Deste modo foi interessante notar a desenvoltura dos músicos que o acompanhava, de não apenas tocar, mas saber que é fundamental fazer base; e eles mantiveram isso com muita precisão.

Participações - No meio da apresentação, Arthur convidou o baixista, Eric Firmino, músico que acompanha cantores e bandas locais, e também o percussionista Orlando Silva, para um groove em mi menor. Neste momento, um baixo fazia a base e outro passeava solando pelo gênero funk. Depois, o espaço foi aberto para Eric improvisar. Neste momento, Firmino utilizou força e balanço, mostrando bastante versatilidade em um instrumento de cinco cordas emitindo frases rápidas e intercaladas de pausas. A técnica usada, por ele, foi a de slap. Já o percussionista manteve a base juntamente com os outros músicos. Entretanto, Silva fazia muitas variações rítmicas demonstrando pontuação precisa em acentos sincopados juntamente com a banda. Neste momento ninguém ficou parado.

No final do show, o público pediu o famoso bis, deste modo o baixista cantou e não fez feio. Maia também tocou em forma de acorde no contrabaixo, um samba, em homenagem ao pai do cantor Nando Reis. Em seguida convidou o músico Joatan Nascimento, nesta hora rolou uma jam memorável com solos viscerais do trompetista deixando algumas pessoas em estado catatônico. Muita gente do meio musical reclama da infra-estrutura e da acústica de algumas casas. Mas o que se viu neste show foi uma qualidade impecável no quesito: som. Bem como pontualidade tanto no inicio do show como no fim da apresentação.

Entrevista: Arthur Maia - “falta, principalmente, estudo de música nas escolas”.

Carioca e sobrinho do lendário baixista Luizão Maia começou ainda criança tocando bateria. Durante a adolescência ganhou um contrabaixo passando a tocar em grupos de diferentes gêneros entre eles: o jazzístico Cama de Gato. Tornou-se profissional, realizou vídeo-aula e apresenta workshop, em várias cidades do Brasil. Além disso, em 1990 gravou seu primeiro disco solo e ganhou o prêmio Sharp, no ano seguinte. Após o encerramento do seu show, ele literalmente pulou do palco para cumprimentar amigos, parentes e fãs, ao final recebeu à reportagem do blog Noite Ponto Som, na lateral do camarim. Demonstrando-se muito feliz em tocar em Salvador de Bahia, mostrou-se bastante preocupado quando suscitou o seguinte assunto: ausência de ensino de música nas escolas públicas do país. Por outro lado, Maia que lembra fisicamente o cantor de samba Zeca Pagodinho, disse que a cena de música instrumental passa por uma boa fase. Confira à entrevista.

Noite Ponto Som - Em sua opinião, em que condição seria possível re-introduzir a música na escola?

Arthur Maia -
Tem pouco ensino de música nas escolas. O Gilberto Gil, que acabou o mandato recentemente, ficou muito insatisfeito com a cota destinada a cultura. O problema da cultura é um problema de governo. A cota ainda é muito reduzida, isso de todas as maneiras. Acredito que a Bahia, talvez seja o lugar que tenha a maior porcentagem investida em cultura. Agora, falta principalmente, estudo nas escolas. Isso pode ser comparado as Olimpíadas, porque, vejo o quanto à coisa é esporádica. Ou seja, temos muito talento e pouca contribuição, também pagamos muitos impostos e temos pouco retorno, isso é mais político do que artístico.

NPS - Na sua avaliação, que ferramenta seria adequada para mudar essa situação?

Arthur Maia –
Acho que cada município deve cobrar de seu governante o que quer, porque pagamos para isso, mas não temos o que desejamos. É necessário, um movimento, porque quanto mais pessoas bradam, mas as coisas acontecem. Acho que a solução é essa. Por exemplo, no lugar em que moro, (Niterói), conseguimos colocar cinco mil alunos de arte no estudo municipal. Isso se deu por causa da pressão que fizemos, porque, se o cara que elegemos não faz nada, no próximo mandato ele já se “queima”.

NPS - Arthur com relação ao festival de música que organiza em Niterói. Como anda as coisas?

Arthur Maia -
Estamos no quinto ano do festival. Já passaram mil e quatrocentos alunos, ocorreram vinte e seis apresentações em quatro anos. Tivemos shows de Hermeto Paschoal, Airto Moreira, Leo Gandelman, Hamilton Holanda, Ricardo Silveira, esses nomes tocaram junto com a galera de Niterói. Eu gostaria que o festival não fosse uma coisa que acabasse no dia em que se encerrasse. Então promovemos durante todo o ano assim contemplamos alunos que ainda estudarão e também àqueles que já estudaram.

NPS - Quem apóia o festival?

Arthur Maia -
É uma mixagem. Uma parte vem da Prefeitura, outra eu na figura de produtor cultural, às vezes, por meio de incentivo do governo Federal. Ou seja, tem várias configurações, mas, principalmente, a que me transforma de músico em produtor cultural. Na última edição tivemos apoio da Vivo e da Prefeitura.

NPS – Atualmente, acredita que há mais lugares para apresentações de música instrumental?

Arthur Maia –
Sim. Está havendo mais espaço, por exemplo, nesta semana fiz cinco shows, ou seja, foram quatro em São Paulo e um em Salvador. Na semana retrasada toquei em Fortaleza, Teresina e Aracajú. Acredito que isso está acontecendo porque as pessoas estão conseguindo colocar mais os seus projetos em pratica, ou seja, exigindo mais dos governantes.

A entrevista foi interrompida porque quando avistou o guitarrista Gerson Silva, sair do camarim, Maia perguntou: “Meu, onde tem um bom lugar pra jantar?”, assim Silva recomendou um restaurante no bairro do Rio Vermelho.............

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

RESENHA: THE DARK SIDE OF THE MOON

Em meio aos anos de 1960, uma des-organização de jovens talentosos afinavam-se numa multiplicidade de alternativas culturais, como o consumo alucinado de drogas e a revolução sexual. Os Estados Unidos, a contracultura da Costa Oeste, Bob Dylan, os beats eram as principais influências, assim radicalizavam na oposição à guerra do Vietnã.

A música era o canal de expressão dessa juventude, os grupos de rock se incumbiam de desenvolver eventos coletivos surgindo uma nova cultura urbana. Esse movimento de jovens londrinos ficou conhecido como “underground”, ou seja, subterrâneo. Entre as dezenas de bandas existentes, poucas conseguiram atravessar as barreiras e atingir o pico: o sucesso. O Pink Floyd foi uma delas.

Composto por jovens universitários de mente musical variada, a banda nasceu em Cambridge, em meados dos anos de 1960. Emplacou o primeiro disco, The Piper at the Gates Of Down, seguido de outros. Então no longínquo ano de 1973, Roger Waters (baixo e vocal), Dave Gilmour (guitarras e vocal) Richard Wright (teclados e vocal) e Nick Mason (bateria) se fecharam no Abbey Road Studios, em Londres para registrar The Dark Side Of The Moon.

Disco esse, que se transformou em peça fundamental de culto e experimentalismo, isso em diversos processos sonoros, bem como o sistema quadrafônico de som. Ou seja, pegue um aparelho de som que possui quatro caixas coloque-as uma em cada canto da sala. Sente-se no meio e perceberá que há milhões de sonoridades diferentes neste álbum.

Coisas alucinantes. Então vamos lá. A canção, On The Run é um treinamento de reflexão pessoal, além disso, para algumas pessoas transmite paz interior, bem como conta com um fabuloso sintetizador VCS3, ou seja instrumento que emite muitas variações sonoras.

A conhecidíssima caixa registradora que consta na introdução de Money, é, realmente, algo fantástico, já que Roger Water gravou esses sons jogando moedas em caixa de alumínio, depois complementou com sampler. Money é uma obra-prima muito sofisticada, uma vez que o conceito de música eletro/acústica foi aplicado em sua abertura. Nesta canção, a linha de baixo executada por Waters, tem um tempo 7/4, ou seja, algo totalmente irreal para a época. No solo de guitarra, desta canção, o tempo muda transformando-se em 4/4, mas depois retorna novamente para a mesma marcação.

O que falar da lendária música Time, com seus relógios na abertura. E, do bit que marca, a passagem de entrada (além da virada de bateria de extremo bom gosto) para iniciar à canção. Sinceramente, o solo de guitarra dessa música é uma das coisas mais marcantes que escutei, ele foi concebido em apenas um take de gravação. Genial também é a inserção da bela linha melódica cantada no refrão por Wright.

O vocalize, técnica de canto que consiste em entoar melodias com diversos vocais sem o uso de palavras, foi um recurso colocado de maneira delirante na canção The Great Gig in the Sky. Enquanto que à belíssima melodia de Breathe mostra que não há necessidade de grandes equipamentos ou efeitos para se fazer boa música, mas, às vezes, de poucos acordes.

Indico que coloque o disco e aperte o play. Se não tiver, pirateie, pegue emprestado ou compre. Na verdade, é uma coleção de músicas fantásticas e melodiosas. Fica na mente mesmo depois de ter escutado. Compartilho da opinião que este álbum é o primeiro passo para os iniciantes em Floyd.

ITINIRÁRIO MUSICAL


O baixista Luciano Calasans juntamente com sua banda toca a partir das 20h, no Espaço Ricarti. O músico que já tocou com Ivete Sangalo e Margareth Menezes apresenta seu disco solo. O show será na Travessa Orlando Moscoso, 54, fim de linha da Boca do Rio. O valor do ingresso não foi informado. Mais informações: 8217-1009.

Celo Costa apresenta forró regional interpretando repertório próprio, bem como músicas de seus parceiros musicais. O cantador, instrumentista e compositor se apresenta às 20h30, no restaurante Sertão Bom, localizado na Avenida Octávio Mangabeira, 321. Tocando violão e sanfona, Celo Costa será acompanhamento por outros músicos. Mais informações: 3346-7449. O ingresso custa R$5.

O cantor Chico Evangelista faz show de reggae no Boomerangue. Quem fecha à noite é Dinho Nascimento, que mescla releituras com trabalho autoral. Na década de 70, os dois músicos formaram a banda Arempebe, depois cada um seguiu com seu projeto solo. O Boomerangue fica localizada na Rua Praia da Paciência, 307. O valor do ingresso é de R$ 15. Mais informações: 3334-6640.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Agito no Pelô

O percussionista Orlando Costa apresenta hoje (26) o show Eu... porque sou percussivo. O músico mescla ritmos como o samba, salsa, experimentalismo utilizando instrumentos africanos, brasileiros, indianos, árabes e cubanos. Entre as composições que serão apresentadas estão Vera Cruz, de Milton Nascimento e Clara, um mantra de sua autoria que dá nome ao show. Costa já tocou com Caetano Veloso, Ney Matogrosso, dentre outros. O show é grátis. Começa às 20h, na Praça Teresa Batista.

Fechando à noite. Regido pelo maestro, compositor, arranjador e saxofonista, Letieres Leite, a Orkestra Rumpilezz tocará às 21h, na mesma praça. O grupo conta com forte influência da black music norte americana, da música afro-brasileira e da semba, ritmo originalmente africano.
Os músicos também exploram ritmos como o afoxé e candomblé sempre acompanhado por instrumentos de sopros, formação próxima a das big bands, onde as improvisações são marca registradas. O show acontece às 21h. Mais informações: 3117 - 6456

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Entrevista da semana: guitarras, carreira e pesquisa musical


Toc toc........ Bato duas vezes. Ninguém atende. Repentinamente a porta abre e aparece a secretaria, que cuida da criança da casa convidando para entrar no ambiente. Neste momento, sou recebido por um sorriso floral: a esposa Thais, vocalista da banda Makueto fala: “Oi Neri, chega aí”. Então, com as honras da casa, entro pelo corredor, na esquerda da sala tem mais uma pessoa: o cantor e dançarino Edy Lessa, brincando com um bebê recém nascido em seu colo. Na minha frente está um homem sentado com o rosto voltado para o computador. Quando levanto à palavra, o mesmo, que parecia concentrado no que fazia vira-se com um olhar sereno e diz: “E aí meu velho, tudo bem?” Então o gelo quebra. Realmente, estou na casa de um músico, já que o material de trabalho: cabos, guitarras, pedaleiras, amplificadores estão espalhados por todos os cantos da sala. Seu nome? Carmilton Mamede, porém poucas pessoas o conhecem pela alcunha de batismo, mas pelo codinome Ximbinha. “Foi dado por meu pai desde que me conheço por gente”, vai logo esclarecendo o músico. Pesquisador intenso de timbre de guitarras comenta que estudou música ainda na infância nos cursos de musicalização, da Ucsal, já adulto com título em música batalha muito na profissão. Gravou com alguns nomes da música baiana, além disso, vai soltando pérolas como: “Santana só precisa tocar dois ou três acordes para ser reconhecido”. Confira à entrevista exclusiva cedida, ao blog Noite Ponto Som, que foi realizada numa tarde chuvosa de agosto (18).

NPS - Noite Ponto Som - Como surgiu seu interesse em seguir a carreira de músico?

Ximbinha Mamede -
Venho de uma família que têm muitos músicos e artistas. Meu pai trabalhou em rádio assobiando no Rio de Janeiro, ele também tocou caixas de fósforos em alguns grupos de Choro. Com os primos da minha geração Fred Barreto (guitarrista de blues) e Duda Araújo (baixista da banda Stância) formamos a primeira banda de rock, neste período toquei músicas de grupos estrangeiros das décadas de 60 e 70. Época que tive várias influências como Jimi Hendrix, Pink Floyd, Janis Joplin..... Toquei também com alguns grupos de heavy metal e fiz parte da formação da banda de black metal, Carnifield. Um dos grandes inspiradores dessa jornada musical foi um primo, que não é músico, mas artista plástico Marcelo Gato.

NPS - Nesta época era só diversão, ou já dava para ganhar algum dinheiro tocando com bandas?

Ximbinha Mamede -
Pagávamos para tocar era só amor pela música. Entretanto, cheguei num momento em que precisei melhorar o meu equipamento, já não dava para ficar dependendo somente dos meus pais, até porque instrumento musical no Brasil é muito caro. Então, passei para o lado comercial da música da Bahia, que no caso é o axé. Comecei depois dessa fase “metal”, a tocar em grupos do gênero e fiz parte da extinta banda Reflexus, conhecida por fazer sucesso com músicas como Senegal e Madagascar. Assim pude viajar e conhecer outros Estados através da música. Dessa forma, comecei a ganhar dinheiro e tornei músico profissional.

NPS - Vamos conversar sobre um assunto que você lida no dia-a-dia: ser músico de estúdio. Quais são as suas prioridades neste local?

Ximbinha Mamede -
O timbre. A timbragem de guitarra é algo muito particular e pessoal em cada músico. Alguns músicos como Santana e Jimi Hendrix são identificados por causa do som que conseguiram formatar, ou seja, tocam apenas duas ou três notas e são reconhecidos. Essa busca pela identidade é a minha prioridade, e surgiu desde quando comecei a tocar. Já troquei de guitarra muitas vezes para achar o meu timbre. Continuo testando vários tipos de captadores, madeiras, potenciômetros e pontes, pois acredito que isso ajuda a descobrir novos e melhores sons.

NPS - Tem preferências por guitarras quando vai gravar com outros artistas? Que equipamentos usa para a labuta, atualmente?

Ximbinha Mamede -
Atualmente, o meu equipamento de trabalho são duas guitarras Fender. Uma modelo stand, cor sunburst, com captação di marzio HS3 na ponte e di marzio HS4 no meio e no braço do instrumento, porque tem um timbre cristalino e satura com facilidade. Além disso, o seu som é similar ao do guitarrista Yngwie Malmsteen, (músico conhecido por sua incrível velocidade). A outra guitarra é uma Fender ressue, 1962, japonesa com o corpo em basswood. Nessa utilizo uma captação nova da di marzio chamada aria 58, no meio e no braço. Na ponte uso um captador bastante interessante denominado de JBJúnior. Ele tem a sonoridade das antigas guitarras Les Paul. Então são dois instrumentos bastante versáteis. Além disso, tenho ainda uma que só utilizo em gravações especiais, que é uma Ibanez, modelo blazer, série 1969, com o corpo em ash e braço em maple. Troco sempre à captação desse instrumento e, atualmente, seu captador é o bridge, no meio do braço. Além dessas, possuo uma Washburn, modelo N2 com corpo em alder e braço em maple. A escala desse, instrumento é de jacarandá com captação tone zone na ponte e um captador super distorcion ligado em paralelo. Esse tipo de ligação ainda não é utilizado por muitas pessoas. Acho interessante que outros guitarristas experimentem ligações alternativas nos seus instrumentos, pois podem encontrar novos timbres. Sou fã das guitarras modelo stratocaster.

NPS - Fale um pouco sobre sua prioridade na hora de tocar?

Ximbinha Mamede -
Quando utilizo o bend (técnica de tocar que altera a freqüência natural de uma nota possibilitando a execução de outras) me preocupo muito com a afinação, porque, qualquer alternância desafina. Acredito que soa melhor com cordas mais pesadas, tipo 0,11, (grossura do encordamento) agora é mais desconfortável para tocar. Quando faço um trabalho de jazz ou blues sempre utilizo encordamento pesado, mas quando gravo algo tipo, axé, reggae, soul ou funk, uso cordas 0,09.

NPS - Com relação ao controle sobre o bend. Você tem necessidade de abafar às cordas ao executar a técnica?

Ximbinha Mamede -
Sim. Normalmente abafo todas as cordas que não estou utilizado, por exemplo, se vou dá um bend na terceira corda abafo todas as outras para que o som não soe sujo. Isso não é só no bend, mas na técnica de vibrato também.
NPS - E quanto à técnica de tapping? Em que proporção utiliza?

Ximbinha Mamede -
O tapping (bater com as pontas dos dedos nas cordas) é um tipo de prática comum no heavy metal. Quando se pensa nessa técnica fala-se logo no nome do guitarrista Eddie Van Halen, mas ao ouvir gravações antigas de guitarristas, como Jeff Beck percebe-se que naquela ocasião, ele já usava a técnica. Executo o tapping de forma discreta, como um artifício a mais para passar uma mensagem com meu instrumento.

NPS - Como anda sua vida musical no exterior? Está tocando com algum músico estrangeiro?

Ximbinha Mamede -
Desde 2002 toco com artistas estrangeiros. Acompanhei vários músicos africanos que vieram ao Brasil. Toquei com o cantor Angolano Bonga, Filipe Mukenga e, um grupo de Nova York, chamado África Yetu. Recentemente, o cantor Angolano Yuri da Cunha, me convidou para acompanhá-lo no programa Altas Horas, surgindo um convite para tocar em Angola. No ano passado, recebi uma proposta do compositor e produtor mexicano Carlos Macias, para tocar com o cantor Juno Marionne.

NPS - E suas atividades no ramo da direção artística. Quais discos têm produzido ultimamente?

Ximbinha Mamede -
Gravei um disco de Tonho Matéria, também fiz a direção musical da banda de Márcia Freire, dirigindo e arranjando algumas músicas da artista. Produzir o disco da banda de axé Makueto, de um cantor que não estourou ainda, mas que sou fã de carteirinha chamado Josehr Santos, muito conhecido por ser Jesus Cristo do Dique, ele é um tenor de voz forte. Além disso, produzir o disco do cantor baiano Edy Lessa, que segue também na praia do axé. E co-produzir uma banda que toca músicas de Santana, chamada Zamaga. Além de realizar single e jingle para políticos e com fins comerciais.

NPS - Sobre seu estúdio particular, quais equipamentos o compõem?

Ximbinha Mamede -
Utilizo um PC com bastante espaço tanto de memória quanto de HD. Além disso, uso o nuendo, (programa de gravação), pois é fácil para trabalhar e edita tanto áudio como imagens. Atualmente, estou com uma placa de som M-áudio, e microfones similares aos SM 57 e 58 da Shure. Uso um processador de efeitos boss, que é GT6 e uma caixa amplificada, da marca Hughes Kettner. Utilizo também plugs in tecnológicos e alguns efeitos como o compressor, noise gates, reverber , tudo como simulação.

NPS - Em sua opinião, o que não pode faltar num estúdio de gravação?

Ximbinha Mamede -
Material humano qualificado. O homem nunca será substituído pela máquina. A máquina é apenas um recurso usado pelos profissionais da área.
NPS - Qual o seu software?

Ximbinha Mamede -
Utilizo o reason, que é um programa muito bom para montar as trilhas de áudio. Tenho também um programa interessante que é acoustica beatcraft, que serve para montar trilhas inteira de bateria e percussão.

Conta com auxilio de algum técnico em seu estúdio?

Ximbinha Mamede -
Não, porque, apenas faço o registro sonoro, depois levo para um técnico masterizar e mixar, ou seja, cada macaco no seu galho.

NPS - Como guitarrista, tem alguma técnica especial para gravar seu instrumento?

Ximbinha Mamede -
Normalmente, gosto de gravar cada guitarra utilizando dois canais. Um passando pelo direct box levando o som direto para a placa de áudio. Já o outro canal microfono a caixa com um Sure SM 57, utilizando uma distância de seis centímetros do cone do auto-falante para captar os picos graves. É a minha forma de gravar, esse é o meu som.

NPS - E para a guitarra e baixo, quando solicitam que você grave. O processo é mesmo?

Ximbinha Mamede -
Geralmente, converso com o cliente sobre as possibilidades, preferências e opções de gravação. Também sugiro algumas dicas, mas quando gravo contrabaixo, por exemplo, uso um compressor ligado direito em linha. Já dá para tirar um apropriado som, se o instrumento em si tiver um bom timbre.

NPS - Que dica recomenda para alguém que queira aprender um pouco mais sobre áudio?

Ximbinha Mamede -
É legal que a pessoa procure um estúdio ou peça ajuda para àqueles que conhecem sobre o assunto. É valido também tomar um curso com um profissional que esteja atuando na área. Além disso, trabalhar em algum estúdio é fundamental, isso é um ótimo aprendizado. Não só para quem quer se envolver com áudio, mas para qualquer área, pois é necessário vivenciar para aprender.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Show: inspiração nordestina

Uma apresentação improvisada. É o que prometem realizar os músicos Gereba e Tuzé de Abreu, nesta quinta (21), às 21h, no espaço do Teatro da Gamboa. A idéia de não utilizar um repertório prévio surgiu quando, eles estavam em Raso da Catarina, sul da Bahia, em pesquisa musical.

Dessa forma, os músicos darão abertura para convidados que queiram tocar e compartilhar dessa experiência. Uma coisa é certa: o público ouvirá uma sonoridade nordestina de extremo bom gosto produzido por um violão e uma flauta.

O Teatro Gamboa Nova, fica localizado no Largo dos Aflitos, 3. Gamboa. A entrada custa R$ 5. Maiores informações: 3329 – 2418.

Mulheres comandam Casa do Rock

Em sua sétima edição, A Casa do Rock promete realizar uma verdadeira fuzarca, nesta sexta-feira (22). A festa que acontece, no Boomerangue, às 23h, dessa vez contará com uma inovação no comando dos CDs.

Para essa noitada, os Djs Lionman e Cassicas recebem apenas convidadas. Isso mesmo. O local será completamente discotecado por DJs mulheres. As donas do pedaço prometem mandar canções das antigas e também não tão clássicas da história do rock.

Para Lionman, essa festa resume-se, em uma verdadeira comemoração ao sexo frágil. “Não, não se trata de machismo, sexismo ou qualquer outro “ismo”. Trata-se de uma homenagem. Bendito serei eu entre as mulheres, ou maldito”.

Além dos Djs “organizantes”, A Casa do Rock recebe as convidadas Nancyta, Gabi A. e Silvis, conhecidíssimas na cena local sejam cantando solo, em bandas de rock, ou realizando festas que acabam quando a Sucom chega ao local. O passaporte para curtir à noite é de R$ 8 até meia-noite e R$ 12 após.

Música instrumental no Extudo


Com um repertório, que passeia pelo universo da música instrumental, o guitarrista Chico Oliveira, se apresenta nesta quinta-feira (21), no restaurante Extudo, localizado no bairro do Rio Vermelho.

No show, não vão faltar canções de importantes nomes da música popular brasileira como: Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano Veloso e João Donato.

Além disso, o músico será acompanhado pelos tarimbados instrumentistas da soterópolis: Tércio Guimarães (saxofones), Marcus Sampaio (contrabaixo), Ubiratan Marques (piano elétrico) e Ivan Huol na bateria.

A apresentação começa às 21h, ocorrendo todas as quintas desse mês, a entrada custa R$ 5. Mais informações: 3334-0671.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Entrevista: música e produção cultural

Pesquisador e crítico musical. Instrumentista e compositor com obras publicadas em países como Alemanha e Itália. Sem meias palavras, arrasa observando que o papel do Estado é muito importante para a propagação da cultura de um país. Leonardo Boccia é professor do programa de pós-graduação em artes cênicas da Universidade Federal da Bahia, e já mora há 30 anos no Brasil. Em entrevista exclusiva, ao Blog Noite Ponto Som, ele fala sobre o livro que recentemente lançou: Choros da humanidade. Música e farsa cultural, bem como comenta sobre política e produção cultural, indústria e espetáculo. Eis à entrevista.

NOITE PONTO SOM - No livro - Choros da humanidade. Música e farsa cultural-, o senhor aborda que música não é apenas música. Como esta afirmativa, se reflete na produção desse trabalho?

Leonardo Boccia -
A afirmação música não é apenas música está envolvida no contexto em que se toca um repertório mais profundo no ser humano. De forma, que as vibrações não são vistas entrando na percepção humana, nos seus mais diversos aspectos. Usado para despertar certas emoções, isso já, vinha sendo estudado na renascença, na Europa. Ou seja, formas contraditórias ou, até mesmo, ambíguas de sentirmos algo, mas, que na verdade não estão sendo vistas. Nesse sentido, a música é muito perigosa. Se mal utilizada pode dizer algo que não existe. A música tem um poder de convencimento extraordinário. Por exemplo, os filmes que têm trilhas sonoras, são muito mais significativos do que a própria imagem. Os filmes de Hollywood são um desses casos. Já que, geralmente, têm trilhas sonoras muito bem elaboradas, às vezes, feitas por grandes orquestras. E, as emoções, que achamos que estamos vendo no filme. Na verdade, estamos ouvindo, porque, são tocadas pelas vibrações. Se, por exemplo, fizer um teste, e tirar a música de um filme perceberá que as imagens, às vezes, são bobas ou quase insignificantes.

NPS - O livro também avalia sobre a produção e circulação de bens simbólicos. Atualmente, como aborda à questão da indústria cultural em sala de aula?

Leonardo Boccia –
Discuto muito sobre os problemas da produção cultural de espetáculo, em sala de aula. E também abordo a falta de verba voltada para as produções criativas, que vão para os palcos ou que estão em cena. Além disso, avaliamos a possibilidade de revermos e, ao mesmo, tempo conversamos e produzimos artigos sobre esses assuntos. Assim, algumas produções analisam que não, apenas, devemos viver de apoio governamental. Mas que as pessoas entendam que um espetáculo, uma produção cultural, é de fato importante na sociedade. Já que, ninguém está fazendo favor algum quando comenta uma produção. E, menos ainda, quando fomenta uma produção. Essas coisas são bastante discutidas em sala de aula.

NPS - E quando o assunto é focado no comércio. Já que, os bens culturais são mercadorias, inclusive, regido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Como interpreta tal questão?

Leonardo Boccia –
Observamos que o poder de distribuição de alguns países é muito mais extraordinário que o de outras nações. Nesses países os bens simbólicos são muito bem estruturados e valorizados para a distribuição. Diferentemente, daqui, que responde com uma distribuição defasada, por enquanto, ainda, inicial em nível de nação. Se fosse, apenas, em termos de mercadorias resultaria apenas em diferenças de conta bancárias de cada país. Entretanto, o problema é que quando se trata de bens simbólicos, isso brota também, dessa destruição e modificação do poder criativo de cada nação. Cada país produz um bem material ou simbólico, mas alguns segmentos são convencidos de que o que vem de fora é bem produzido e superior. E, estamos sempre tentando recuperar, uma identidade de produção e, ao mesmo tempo, praticamos uma espécie de descaso para com as produções interna.

NPS - Por que alguns artistas têm problemas para produzir?

Leonardo Boccia –
Você não imagina a dificuldade que foi para produzir esse livro. Não temos segmentos que comentem a produção artística ou bens simbólicos. Estamos sempre procurando apoio como se fossem dádivas ou milagres. Sendo que na verdade isso é a espinha dorsal de um país. A grande estrutura de um país se constrói através desses bens material.

NPS - Questionar a indústria e a atual cena de espetáculos musicais é uma vertente do livro. Como analisa a relação entre ambas na cultura da Bahia?

Leonardo Boccia -
Um dos grandes problemas que avalio é o problema cultural. Que é herdado não só na Bahia, mas no Brasil. Isso no sentido de espetáculo, não no sentido de execução, atração ou da estética. Essa herança, esse legado cultural não é favorável à nação brasileira.

NPS - Em que sentido?

Leonardo Boccia -
Por exemplo, a construção do teatro, no Rio de Janeiro, vários dramaturgos brasileiros que produziram cinco ou seis peças não puderam dar mais continuidade as suas produções. Pelo fato, de suas obras não serem encenadas. Por outro lado, são apresentados espetáculos de países como França, Espanha, Itália..., inclusive, trazendo grandes companhias. O problema é que olham para a Europa ou Estados Unidos como os grandes celeiros da cultura. Esquecendo-se que aqui existe uma originalidade extraordinária. Porém, por falta de incentivo não existem continuidade das produções. Muitos dramaturgos desistiram da carreira e foram procurar outras atividades. Outro exemplo está na área da música. Algumas pessoas ficam olhando para um show de uma banda de rock internacional como se fosse à única produção de fato original, e não é.

NPS - Atualmente, como analisa os incentivos para as produções culturais na Bahia?

Leonardo Boccia -
Existe uma verba restrita esse é o problema. E direcionada para projetos em andamentos. Isso significa que existe uma espécie de clientelismo. E os “clientes” que estão com outros projetos em andamentos são sempre beneficiados. Assim mantêm seus espetáculos e suas produções. Enquanto aqueles que não estão em andamento e que querem dá prosseguimento aos seus projetos são prejudicados.

NPS - Há um direcionamento dessa verba?

Leonardo Boccia -
Isso não é tão explicito, pois não sai diretamente de uma empresa para fazer um evento cultural. Atualmente, o que temos é um fado, no sentido, de que não precisa perdoar imposto algum para incentivar á cultura. E sim, fazer, exatamente, o contrário incentivar culturalmente as pessoas a entender o que nós fazemos.

NPS - O que seria o ideal para o Estado?

Leonardo Boccia -
Mais verbas tanto nacionais quanto internacionais. E não pensar em fazer política de posse. Pelo contrário, avisar: você não está perdendo dinheiro e sim contribuindo para uma “super” estrutura do Estado. Ou seja, de que não estão passando dinheiro para alguns desavisados, ou um pobre, "coitado" que faz música. Isso tem de mudar. Já que, acham que estão ajudando o artista ou músico a tentar sobreviver. Não é bem assim não.

NPS - Em geral, os artistas ajudam à nação, pois propagam os aspectos culturais de suas origens em outros locais. Então não pode haver uma inversão de valores....

Leonardo Boccia –
Mas, lamentavelmente, na Bahia ainda não se descobriu o sentido disso. Pois alguns artistas são usados no sentido político, mas não fazem exatamente o contrário. A sociedade baiana deve ser contemplada sem perdoar os incentivos. Mas isso é complicado e difícil de ser tratado. Por que o capital sempre fala mais alto. Acredito que o problema é cultural, também das salas de aula, porque estamos participando de um grande bloco histórico.

NPS - Como docente, de que forma contribui em sala de aula para desmistificar que não existe mercado de trabalho para músicos eruditos na Bahia?

Leonardo Boccia -
Sou muito a favor do carnaval. Que o aluno pratique uma série de repertório sobre música. Mas, o mercado de trabalho não é apenas favorável para a musica erudita, como também existe tantos outros gêneros. Acontece que o mercado de trabalho está em construção pela mudança cultural. Também pelo processo de velocidade, já que (tanto na Bahia como em outros estados muitos instrumentistas de formação erudita) tem participado de gravações e de shows com artistas de diversas áreas. No sentido cultural, nem toda a música erudita é de boa qualidade, isso dentro da lógica de mercado. Embora, a música erudita na Europa ou nos EUA, tenha mais resposta em nível de vendagem de disco. Na Bahia não temos essa posição, mas isso não significa que não temos os grandes interpretes da música baiana. Existem diversos bons músicos que atuam no mercado de música popular e em estúdio de gravação. Inclusive passaram pela Escola de Música, e se formaram conosco. Temos muito orgulho disso.

MacaboBambo fala sobre gravação do primeiro disco

Em 29 de janeiro de 1923, diante de uma terrível pressão dos fãs, a MacacoBambo começava a jornada de sua primeira gravação profissional. A escolha do repertório foi fruto de um estudo sistemático e disciplinado. A metodologia adotada, proposta e executada em conjunto e de forma extremamente organizada foi de fazer inveja aos mais consolidados regimes democráticos do planeta.

8 anos após a seleção do repertório iniciaram-se os ensaios. Foram 15 anos de malhação diária nos estúdios de Salvador. A pontualidade dos músicos era de causar inveja até aos mais ferrenhos alemães, como bem relata o proprietário ariano de um dos estúdios fretados pela banda, que sempre motivava os músicos com elogios consonantais a cada ensaio iniciado e finalizado precisamente no horário previsto. “azaftazardemm!”, desabafa com ar nostálgico.

Numa tarde ensolarada de 1948 iniciou-se o processo de gravação da bateria. “A qualidade de vida dos músicos sempre esteve em primeiro lugar na banda”, relata o baterista Flávio Rocha, reconhecendo a preocupação de todos em relação ao seu estado físico e mental. Rocha agradece também as sessões de massagens e relaxamento oferecidas pela banda, bem como a diversidade de instrumentos disponíveis para a gravação, onde “não faltou absolutamente nada. Eram tantas caixas e pratos que nem precisei usar os meus”. Flávio levou 3 anos e meio para concluir a gravação, tempo justificado pela precisão finalmente obtida, que desafia os seguidores mais ortodoxos do metrônomo.

Em 1951 que deu-se início à gravação dos instrumentos de corda e sopro. “Época inesquecível”, lembra emocionado o pianista Sandro Andrade. “Naquele tempo as condições eram perfeitas, tínhamos todo apoio necessário: transporte, alimentação saudável e timbres da melhor qualidade” afirma Andrade. “O melhor de tudo era a segurança que nossos filhos não têm hoje em dia”, completa Neri Góes, que sempre optava por ir de ônibus às sessões de gravação, exibindo seu instrumento ao relento sem medo de ser abordado.

As gravações de cordas deram-se em perfeita harmonia. Tiago Vaz, guitarrista, e Alex Meira, violonista, trabalharam firme durante meses na escrita das partituras e no perfeito casamento das cordas. “Tudo era tão perfeito e harmonioso que mergulhei em momentos de transe e até mesmo alucinação, principalmente aquele em que resolvi divulgar minha retirada da banda”, comenta Meira aos risos. Vaz lembra que a única dificuldade era convencer o técnico de gravação de que seus solos estavam perfeitos. Pinho, ou Cristiano para os mais íntimos, músico do cenário fusion internacional e contratado com exclusividade pela MacacoBambo, sempre detectava falhas onde nem os ouvidos mais apurados eram capazes de notar. “O único solo que consegui gravar de uma tomada só foi o da canção Ilha Ponto Quase”, orgulha-se Vaz, que ainda lembra-se de cada nota executada.

Segundo Pinho, “esta época foi puro groove”. Mesmo sem divulgar o cachê, “por questão de segurança”, o técnico admite que foi muito bem remunerado, e que é eternamente grato pela confiança depositada no seu trabalho. “Além dos gordos honorários sempre pagos em dia, os músicos nunca toleravam cansaço e fome durante as gravações. Qualidade de vida era de fato a palavra de ordem”, recorda com gratidão.

Após os 8 anos de contemplação musical e conclusão das gravações, Tiago Vaz partiu em retiro espiritual, época em que pela primeira vez a banda passou algum tempo em inatividade. Vaz estava certo de que este era o momento perfeito para gravação das vozes. Admite ter ficado um pouco decepcionado quando, depois de 6 anos e meio de peregrinação, retornou e notou que Glória, Sandro e Alex sequer tinham agendado o estúdio. “Foi um período difícil, As luas novas e cheias, diretas e conversas do período, paralelos, contraparalelos, antíscios e contra-antíscios… tudo anunciava o momento ideal para a gravação das vozes”, comenta Vaz, reafirmando sua crença absoluta na Astrologia.

“A ho-hora é agora!”. Foi este pensamento, pensado originalmente por Sandro Andrade, que tomou conta do espírito da MacacoBambo em meados de 2000, resultando na última etapa da gravação do tão sonhado vinil, que neste momento já era compacto. “Tiago recruzou datas com luas e agendamos nossa gravação”, comenta aos risos Glória Terra. Terra também fez questão de reforçar o tratamento ViP oferecido pela banda: “Nunca vi tanto luxo, a banda chegou ao ponto de arcar com minhas despesas para que eu não precisasse me estressar com trabalho durante as gravações, foi demais!”, comenta a cantora exibindo uma toalha com seu nome bordado em fios dourados.

Finalmente, em 8 de agosto de 2007, o pianista, backing vocal e diretor musical da banda, Sandro Andrade, anunciou com classe a conclusão das gravações: “ACABOU!”. Rumores indicam que a banda já organiza uma coletiva para celebrar em público o resultado de todos esses anos de trabalho. Vale esperar!

Texto Tiago Vaz, 10 - 08 - 2007

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Rosa apresenta o show Romance

Longe dos palcos baianos há algum tempo, a cantora e compositora Rosa Passos fará duas apresentações, neste final de semana, na cidade. Ela que é, invariavelmente, lembrada como a João Gilberto de saias, cresceu na Bahia ouvindo música afro brasileira. Mas a forte influência do jazz é presente nos seus arranjos.

Suas primeiras músicas, foram feitas em parceria com o letrista, Fernando de Oliveira, em 1979, que originou seu primeiro trabalho intitulado de Recriação. Pano pra Manga, foi o segundo disco, lançado em 1996, sendo que a maioria das músicas desse disco é de sua autoria. Em 1997, o cantor americano Kenny Rankin gravou suas canções, tendo a participação vocal de Rosa no disco.

Esse o show, que faz parte do Projeto MPB Petrobrás, terá abertura do cantor Alexandre Leão, que passeia pela nata da música popular brasileira como também apresenta suas composições. Rosa apresenta ao público seu novo álbum, Romance, com doze músicas de grandes nomes da música brasileira. Nesse show, ela vai interpretar clássicos como Eu sei que vou te amar, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Nem Eu, de Dorival Caymmi, e Tatuagem, de Francis Hime e Chico Buarque, dentre outras canções. Os shows de Rosa Passos serão nos dias 16 e 17 desse mês, às 20h, na sala principal do Teatro Castro Alves. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro por R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). A renda será revertida para instituições sociais, culturais ou esportivas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Música Afro no Pelourinho


Se for fazer um passeio pelas ruas do Pelô, vale dá uma conferida no show da banda Afro Batá, e dos cantores Aloísio Menezes e Portela. O primeiro grupo apresenta um som percussivo, com influências da música africana. Enquanto os cantores divulgam o show - Açúcar, interpretando canções autorais e releituras da música popular brasileira. As apresentações acontecem, às 20h, sempre, nas quartas-feiras, desse mês, no Teatro XVIII, que fica localizado na Rua Frei Vicente, 18, Pelourinho. O ingresso custa R$ 3,99. Maiores informações, 3322-0018.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Face acontece no Pelourinho

Acontece nesta quinta-feira (15) a etapa
regional do I Festival Anual de Canção
Estudantil (Face). O evento musical é
voltado para alunos das escolas estaduais,
com a proposta de avaliar as três melhores
músicas compostas por eles.
Dentre as 90 escolas que participaram,
foram selecionados 15 representantes
para a etapa regional. Sendo que, no dia 14,
uma comissão julgadora, composta por músicos,
artistas e educadores, premia as melhores canções.
O festival será realizado no Largo
Tereza Batista, no Pelourinho, às 14h. Mais informações:3242-5370

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tom Zé lança novo disco

Energia e barulho. É o que vão sentir quem for assistir ao lançamento do disco do cantor Tom Zé, intitulado de a Danç-Êh-Sá; A Dança dos Herdeiros do Sacrifício. O show acontece na Concha Acústica do TCA, dia 30 desse mês.

O álbum foi gravado no ano passado, nos estúdios Trama, e tem nove canções. As músicas tratam de política, problemas sociais e culturais, sendo os destaques: Uai Uai, tchim, Triú-Triii, Taka Ta, Cara-Cuá e Abrindo as Urnas. O cantor será acompanhado pelos músicos: Jarbas Mariz, no cavaquinho e violão de 12 cordas, Lauro Lelis, na bateria, Cristina Carneiro, nos teclados, Sérgio Caetano, na guitarra, Daniel Maia, no baixo e Luanda no vocal.

Quem abre à noite é o grupo baiano Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, grande promessa do cenário nacional. A banda faz um som vibrante mesclando influências do rock à música popular brasileira. Maiores informações 3535-0600.

Diamba toca na Concha

No próximo sábado (16) a banda Diamba
faz show na cidade. Depois de passar uma
temporada de quatro semanas no Teatro
Odisséia, no Rio de Janeiro, o grupo recebe
como convidado o reggae da banda carioca
Ponto de Equilíbrio.

O encontro está marcado para às 17 horas
e a abertura do show fica por conta da estreante
Mano Brother, que toca pop-reggae.

Os ingressos custam R$ 15 antecipado e estarão
à venda no Teatro Castro Alves, SAC e balcões do Pida.
Maiores informações – 3347-6406

Noite de Rock no Balcão

Os apreciadores do bom e velho rock´n´roll têm lugar certo para bater ponto e relembrar clássicos do gênero. É que nesta terça-feira (12), bem como nas outras do mês de agosto, os músicos do Mizeravão, Jeder e Leão prometem cegar as agulhas, no Bar Balcão Botequim (Rio Vermelho). Vale lembrar, para os passarinhos, que a festa começa às 22h sem horário para acabar.

Para quem pretende sair para uma balada moderada, não vão faltar músicas do rock estrangeiro das décadas de 60 e 70, além de nacionais dos anos 80. Os djs avisam que essas noitadas são uma prévia do retorno dos Mizeravão, que toca no mesmo espaço, no dia 13 de setembro.