quinta-feira, 4 de setembro de 2008

RESENHA: The Beatles, Abbey Road (1969)

É desnecessário apresentar The Beatles. Entretanto, olhando para trás, descobri que as raízes da transformação psicódelica foram plantadas também no disco: Abbey Road, já que todas as evidências estão no Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band. Apesar de ter sido gravado em meio a reviravoltas emocionais, vaidades e conflitos, além do caos de seus anos finais de grupo, este disco é marcado pelo uso de novas tecnológicas. Que dão aura psicodélica em algumas canções. O Moog, teclado sintetizador – é um exemplo disso podendo ser notado em músicas como Because e Here Comes the Sun.
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Fora isso, um outro fato inegável, é que haviam muitas diferenças entre eles, já que Lennon e McCartney eram aclamados bem como tinham afinidades nos quesitos: mulheres e drogas, isso sem falar na parceira de sucesso dos dois no tema: composição. Os outros integrantes até então (George Harrison, na guitarra e Ringo Starr, na bateria) não eram creditados nas composições ou estruturas dos arranjos. Entretanto, neste disco, George Harrison, se firmou como compositor. Já que viveu anos à margem da parceria entre o baixista e o cantor. Harrison emplacou dois grandes sucessos:Here Comes the Sun e Something.
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Se por outro lado, em uma análise sobre o que faz da música comercial um objeto de desejo, o músicologo Luiz Tatit diz que as canções de sucesso têm fragmentos de identidades claras, que estão concentradas em torno de um refrão. Um exemplo típico disso é a música; “Oh! Darling“ que tem uma estrutura simples e vocais destacados. Esse é um modelo padrão das primeiras músicas dos Beatles – diretas e sem ambiguidades – fórmula presente em algumas canções deste e de outros disco do grupo.
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Entretanto, por outro lado, sempre ocorreu ousadia e experimentalismo nas músicas The Beatles. A energizante e imaginada Come Together, por exemplo, tem um belo arranjo de guitarra com influência pesada. Não apenas isso, essa música é um verdadeiro rock sexual. A canção capta a ideologia do mundo popstar libertário através dos arranjos transcendentes em vibrações reais. Together resume o espírito sexual aparentemente livre da época, na verdadeira trilogia sexo, drogas e rock and roll. Contudo, quando o guitarrista Eric Clapton começou a sair com Patrícia Boyd, mulher de Harrison, após uma briga do casal, o discurso de suposta liberdade não colou.......
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Por falar em Harrison, vale destacar o arranjo da música de sua autoria: Something. Uma balada de três minutos de duração, num disco repleto de tesouros. Nesta canção, existe uma mistura subliminar de guitarras melodiosas com vocais pastados, (efeito da sativa, hábito corriqueiro antes das gravações), transmitindo um vigor mais antigo de rock fundado em blues por meio do R&B dos anos 60. A linha de contrabaixo, de Something faz uma sobre harmonia dentro do próprio campo harmônico da canção. Além disso, Paul executou frases usando notas oitavadas no instrumento com técnica de ligado. Por mais que a música pareça tranquila, possui uma linha de baixo ritmada e agitada. Porém, pela sua excelente mixagem, alguns ouvidos não conseguem distinguir o baixo original, simples e rompante, dela.
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Sem colocar rótulos, outra canção que paira em clima de sexualidade é I Want you (She´s so heavy), a pista já está no título. Essa música demonstra um lado sonhador e picante, envolto num clima psicodélico de início da década de setenta. I Want you é um monstro psicodélico – marcado por um clima desconcertante da banda. Enquanto a canção Sun King possui uma dose musical de consciência parcial, frente, ao cenário musical da época. Isso, mesclado pelo universo poético, politico e social movido a LSD, ou seja, sem limite, sem direção. A inspiração dessa música surgiu quando Lennon, viciado em cocaina, resolveu tomar mescalina sentando no jardim da sua casa com violão e gravador. Depois de a ter feito, colocou a fita no meio de tantas outras, num momento de finalização do disco, ele encontrou novamente a gravação, quando ouviu ficou impressionado, assim pediu para que Paul finalizasse a canção. Uma Obra prima. The End mostra não apenas virtuosimo por parte de todos os integrantes (até Ringo sola na bateria), mas também vigor.
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Esse disco foi o penúltimo albúm da banda sendo lançado pelo lendário selo Apple. Foi registrado em 26 de setembro de 1969. O disco leva o mesmo nome de uma rua de Londres onde ficava o estúdio Abbey Road. Onde também o Pink Floyd gravou o The Dark Side Of de The Moon. Albbey Road foi produzido pelo produtor George Martin, que acompanhou o grupo em muitos discos. Além disso, estavam na parte técnica dele, os engenheiros de som Geoff Emerick e Phillip McDonald.

2 comentários:

jacy disse...

Opa...ate que enfim um blog sobre o assunto com posts inteligentes e não um monte de besteirol... já linkei no blog, Tá massa...;)

Nerivaldo Góes disse...

Ok! Jacy!
Valeu!
Abs!
Neri