quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Som genial

Nos anos 40, Thelonious Monk, foi um nome fundamental na criação do gênero jazz, bem como, um inovador no estilo bepob, ou seja, técnica complexa de execução no instrumento, devido, aos fraseados musicais, que, são agitados e cheios de saltos. Além disso, ele contribuiu com várias composições de sucesso para os grandes mestres do jazz.

Na década seguinte, período em que Fidel Castro se tornou presidente de Cuba, e quando o sanguinário Hitler foi oficialmente declarado morto, Monk, literalmente, ficou fora da cena musical dos clubs de Manhattan. Por causa de uma condenação por porte de drogas. Sua gravadora perdeu o interesse em seu trabalho.

Entretanto, sempre bem iluminado e equipado com mãos e espírito poderoso, ele conseguiu juntar músicos de primeira linha, a exemplo de Sonny Rollins, sax tenor, Ernie Henry, sax alto, Oscar Pettiford, no baixo e Max Roach na bateria, lançando em 1957, o fascinante disco Brilliant Corners.

Sob batuta do produtor Orrin Keepnews, que estava por trás do selo indie jazz Riverside, este reapresentou, Monk ao público de jazz. Keepnews o contratou e ele começou a ter novamente o devido reconhecimento, já que, muitos apreciadores de jazz sabiam de sua capacidade e competência como instrumentista.

Além disso, o álbum marcou seu retorno como compositor. E, a faixa, que dá nome ao disco foi a responsável pela necessidade de troca de músicos. Ou seja, dificílima, já que, depois de 25 tentativas de gravá-la, não havia um único take completo. Aliás, não foi só nesta canção, que houveram mudanças de músicos, uma vez que, o trompetista Clark Terry e o baixista Paul Chambres substituíram Henry e Pettiford na música Bemsha. Dá para avaliar, o nível das composições de Monk, que por fim, causaram tanto impacto na época.

O disco conta com cinco faixas. A música Ba-Lue Bolívar Ba Lues-Are tem 13m21s com muito improviso e genialidade no modo de tocar de cada músico. Apesar de o registro ter sido feito, em formato analógico, é muito bem equilibrado e permite ouvir bem os instrumentos, alguns, até com distorções características dos seus sons.

É um disco de vanguarda focado numa aura densa de renovação musical e, diferente, para ouvidos que se fundamentaram no lugar comum de ouvir. Já que os climas, às vezes, são impressionantes e controlados por um poder não tradicional das big bands. Que sempre faz um convite para dançar. Este álbum não tem esse foco. Mas, um caminho, velado em algo indescritível de difícil interpretação de sua sonoridade. Pode até passar, batido na primeira escuta, mas, depois se transforma em inspiração para fazer coisas simples e rotineiras. Como molhar as plantas, conversar com amigos no telefone, relaxar, preparar uma pizza, namorar ou ler algo...Agora, o ideal é ouvir num volume baixo. Brilliant Corners, foi lançado, nos EUA, celeiro de grandes músicos de jazz. O projeto gráfico do álbum foi feito por Paul Bacon.

Um comentário:

Claudia disse...

Já estou procurando loucamente esse CD na internet.

Saudade de vc.