segunda-feira, 1 de março de 2010

Solidariedade ou economia

Teve organizador de festival que compunha mesa em Seminário da Economia da Música, promovido pela Secretária de Cultura da Bahia, afirmando que em duas edições na qual o evento contou com patrocínio de grande corporação, a organização do evento, não obteve retorno significativo no aspecto financeiro. Sem maiores explicações, não apontou dados numéricos para esclarecer tal argumento, já que resolveu falar.

É sabido que em se tratando de prestar conta para uma grande corporação há uma prévia com os gastos dos profissionais que participam (ão) do evento, coisa essencial para ter o apoio. Mais o que ficou no ar foram dois pontos a se refletir:. a organização dos “próprios” não soube lidar com os tramites legais, ou, parece que pelo visto, não deu para esticar grana, uma vez que, num processo desse a fiscalização de uma estatal é bastante intensa e criteriosa com as despesas.

Por outro lado, a tônica do debate foi apresentar que o X da história é que músicos, cantores, bandas e artistas transitem tocando em outras cidades, em suas grades de programação de forma gratuita. Essa foi à mensagem. Aliada a ideia de que tudo é muito custoso, trabalhoso. Ou seja, argumento evasivo. O que ficou claro é que existe uma troca de interesse. Já que o evento é antecedido com negociações de todos os tipos: estrutura de palco, som, apoiadores financeiros, segurança, prefeitura local e governo, e tudo isso é muito cansativo, então, porque, pagar a grade completa da programação, já que se pode efetivar negociações paralelas informando o não margeamento de lucro. Em outra palavras, apenas pagando os grupos principais.

Então, para àqueles que aceitam, essa é a troca ou a possibilidade de viver a aventura de ser músico, de divulgar o som em outro Estado, caso retorne seja lembrado como a tal banda daquele lugar. Vale lembrar, entretanto, que alguém vai lucrar. E quem será ? Não sei. Talvez o caixa dois, ou o argumento de que no próximo ano as condições do evento serão melhores para todo mundo. "Continue mandando seu material e o que tiver de novidade". Deixando assim um ar confiável e esperançoso de quem sabe; favor ou prestígio.

Agora, as bandas independentes, de MPB, ou as pessoas que têm o pé na casa dos 30 anos, dão muito trabalho para participar desse tipo de evento. Alguns artistas e bandas tem de deixar de ser celebridade. Então, a tática pelo visto, é trabalhar com a garotada, dorme em qualquer canto, come qualquer coisa, fica sem tomar banho, enfim, ainda saem feliz por poder estar tocando para um público de cinco mil pessoas. A reflexão que ficou foi a já ultrapassada:. músico não pode cobrar cachê nesses "festivais", o lance é divulgar imagem. Só que imagem não enche barriga, não paga encordamento, estúdio, transporte, instrumentos e além do mais as contas vão se acumulando para a posteridade.

Para a nova modalidade de associativismo os mesmos devem ser pago em outra moeda. Se por um lado, a banda banca os custos de passagens, alimentação, hospedagem, por outro, os “donos” dos festivais arrumam espaços em suas grades, conseguem casas associadas para evento de menor porte, fazem o festival e o óbvio lucram com passaportes simbólicos, tendo, em contrapartida divulgar a banda em questão.

Não é moleza, essa é a nova configuração do cenário musical, daqueles que estão sem eixo, onde, a alusão se faz num terreno gramado e àqueles que têm o direito de poda (festivais) deixa apenas pouquíssimas árvores (bandas) florescendo. Tudo clichê, discurso pronto e ensaiado para tirar lucro. O mundo é dos espertos, ou os espertos são do mundo.

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